sábado, 6 de julho de 2013

Transístor sem semicondutor dispensa silício e não esquenta

Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/07/2013
Transístor quântico dispensa o silício e não esquenta
Os elétrons saltam precisamente de ponto quântico em ponto quântico, por meio do fenômeno do tunelamento, sem perda de corrente.[Imagem: Yoke Khin Yap]
 
 
Além do silício

Computadores fundamentam-se em processadores, que são feitos de transistores, que são fabricados com semicondutores, sendo o principal deles o silício.
Esta é a tem sido a espinha dorsal da nossa atual "Era da Tecnologia", com apenas um detalhe a mais: o motor dessa era é a miniaturização, que, em última instância, permite acelerar cada vez mais os computadores.
Mas há algumas pedras nesse caminho. Uma delas é que não vai dar para diminuir muito mais os transistores. Outra é que os semicondutores têm sido muito bons, mas eles desperdiçam energia demais na forma de calor.
A eletrônica molecular tem tido seus avanços, mas não é de hoje que os pesquisadores tentam achar alguma coisa mais eficiente para substituir o silício, que permita tirar proveito do tamanho mínimo dos transistores, mas com ganhos de desempenho.


Transístor sem semicondutor

Chee Huei Lee e seus colegas da Universidade Tecnológica de Michigan, nos Estados Unidos, acabam de apresentar uma nova alternativa.
Há dois avanços importantes nesta nova técnica.
O primeiro é atropelar a miniaturização e, em vez de tentar esculpir transistores cada vez menores em pastilhas grandes, usar nanotubos, que são tipicamente "montados" de para baixo para cima, partindo do nível molecular.
O segundo avanço é a própria arquitetura do transístor, que sai do meio-termo dos semicondutores e passa a usar uma mescla de materiais isolantes e condutores.
Huei Lee usou nanotubos de nitreto de boro, que são isolantes, recobrindo-os com pontos quânticos de ouro, cada um medindo apenas 3 nanômetros de diâmetro.
Os pontos quânticos são estrutura que conseguem aprisionar partículas individuais - elétrons, por exemplo. Embora isso os faça funcionar como se fossem semicondutores - a corrente não flui continuamente, mas vai "aos saltos", eles representam uma categoria à parte, um híbrido entre um semicondutor e uma molécula individual.
Os nanotubos de nitreto de boro, um dos materiais mais duros do mundo, são isolantes, servindo como um suporte ideal para distribuir os pontos quânticos com grande precisão espacial, já que são pequenos e têm diâmetros muito uniformes.

Transístor quântico dispensa o silício e não esquenta
O transístor sem semicondutor (esquerda) e a estrutura do nanotubo de nitreto de boro (direita). [Imagem: Yap Lab/MTU]
 
 
 Transístor de tunelamento quântico

Quando uma tensão é aplicada às duas pontas do nanotubo - em temperatura ambiente - os elétrons não saem correndo pelo tubo, porque ele é isolante.
Em vez disso, ocorre algo muito mais interessante: os elétrons saltam precisamente de ponto quântico em ponto quântico, por meio do fenômeno do tunelamento.
"Imagine que os nanotubos são um rio, com um eletrodo em cada margem. Agora imagine que há um caminho de pedras até o outro lado do rio. Os elétrons pulam sobre as pedras de ouro. As pedras são tão pequenas que você só pode ter um elétron em cada pedra de cada vez. Todos os elétrons atravessam da mesma forma, o faz com que o dispositivo seja sempre estável," explica o professor Yoke Khin Yap, coordenador do trabalho.
Quando a tensão é forte o suficiente, o transístor entra em estado condutor - o estado "ligado", ou "1". Quando a tensão cai ou chega a zero, ele volta ao seu estado isolante natural - o estado "desligado", ou "0".
Como os elétrons não têm como escapar pelo nanotubo, que é isolante, não há vazamento de corrente, o que torna o transístor de tunelamento metal-isolante muito eficiente, não perdendo energia na forma de calor.
O próximo passo do trabalho será colocar vários transistores de tunelamento em conjunto para demonstrar seu funcionamento em condições reais - é preciso garantir que o tunelamento de um não interfira no tunelamento que está ocorrendo no vizinho.


Bibliografia:

Room-Temperature Tunneling Behavior of Boron Nitride Nanotubes Functionalized with Gold Quantum Dots
Chee Huei Lee, Shengyong Qin, Madhusudan A. Savaikar, Jiesheng Wang, Boyi Hao, Dongyan Zhang, Douglas Banyai, John A. Jaszczak, Kendal W. Clark, Juan-Carlos Idrobo, An-Ping Li, Yoke Khin Yap
Advanced Materials
Vol.: Article first published online
DOI: 10.1002/adma.201301339

Vídeo holográfico alcança resolução de TV

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/06/2013
Vídeo holográfico alcança resolução de TV
Pela primeira vez, vídeos holográficos foram produzidos com resolução equivalente a uma TV comum. [Imagem: Daniel Smalley]
 
 
Uma nova técnica para a geração de hologramas está prometendo não apenas mostrar vídeos holográficos coloridos com a mesma resolução das TVs, como também beneficiar as telas 2D comuns, como as de monitores de computador e das próprias TVs.
Além dos excelentes resultados preliminares obtidos, a nova técnica é baseada em materiais de baixo custo.
Daniel Smalley e seus colegas do MIT, nos Estados Unidos, construíram um protótipo de tela holográfica colorida cuja resolução é aproximadamente a de uma TV de definição padrão, o que é muito melhor do que qualquer vídeo holográfico visto até hoje.
O projetor holográfico pode atualizar as imagens de vídeo 30 vezes por segundo, rápido o suficiente para produzir a ilusão de movimento suave.


Holografia optoacústica
 
O coração do projetor holográfico é um chip híbrido que manipula ondas de som e ondas de luz.
Mas o que mais chama a atenção é que Smalley construiu esse chip nos laboratórios da própria universidade, a um custo de cerca de US$ 10.
"Todo o resto lá custa mais do que o chip. A fonte de alimentação custa mais do que o chip. Os plásticos custam mais do que o chip," resume o professor Michael Bove, coordenador do trabalho.
Isto foi possível graças à adoção de uma técnica, chamada modulação optoacústica, que é diferente da tradicionalmente usada em holografia.
Na holografia optoacústica - ou, mais precisamente, acústico-óptica - ondas sonoras geradas com precisão são disparadas através de um pedaço de material transparente para alterar sua estrutura:
"As ondas basicamente comprimem e esticam o material, mudando o índice de refração. Então, se você dispara um laser através dele, [as ondas] irão difratar a luz do laser," explica Bove.
Basta então alterar as ondas sonoras para manipular as ondas de luz com precisão.


Vídeo holográfico alcança resolução de TV
As frequências das ondas acústicas passando pelo cristal determinam quais cores vão passar e quais serão filtradas. [Imagem: Daniel Smalley/MIT Media Lab]


Manipulação da luz com som

Esta técnica acústico-óptica já foi usada em outros protótipos de projetor holográfico, mas usando um material muito caro e difícil de produzir, chamado dióxido de telúrio.
Os pesquisadores agora usaram um cristal muito menor e de um material barato, chamado niobato de lítio.
Logo abaixo da superfície do cristal, Smalley criou canais microscópicos, conhecidos como guias de onda, que confinam a luz. Em cada guia de onda, ele depositou um eletrodo de metal, que vibra para produzir uma onda acústica.
Cada guia de ondas corresponde a uma linha de pixels na imagem final. Como eles são muito pequenos, e podem ficar a apenas alguns micrômetros uns dos outros, a resolução do vídeo pode ser bastante elevada em relação aos projetores anteriores.
Feixes de luz vermelha, verde e azul são enviados a cada guia de ondas, e as frequências das ondas acústicas passando pelo cristal determinam quais cores vão passar e quais serão filtradas.


Tecnologia para telas 2D

A grande vantagem da técnica é a simplicidade.
Por exemplo, combinar vermelho e azul para produzir roxo, não exige um guia de ondas separado para cada cor - tudo o que é necessário é gerar uma onda acústica com padrão diferente.
"Até agora, se você queria construir um modulador de luz para um projetor de vídeo, para uma tela LCD ou algo parecido, você tinha de manipular a luz vermelha, a luz verde e a luz azul separadamente," compara Bove.
"Se você olhar atentamente para um painel LCD, cada pixel na verdade tem três filtros de cores. Há um subpixel vermelho, um subpixel verde e um subpixel azul.
"Primeiro de tudo, isto é ineficiente, porque os filtros, mesmo que fossem perfeitos, iriam desperdiçar dois terços da luz. Mas, em segundo lugar, isto reduz ou a resolução ou a velocidade com que o modulador pode operar," conclui o pesquisador, ressaltando que é por isso que a nova técnica de vídeo holográfico também poderá ser usada nas telas 2D convencionais.


 Bibliografia:
Anisotropic leaky-mode modulator for holographic video displays
D. E. Smalley, Q. Y. J. Smithwick, V. M. Bove, J. Barabas, S. Jolly
Nature
Vol.: 498, 313-317
DOI: 10.1038/nature12217

Carro de corrida elétrico bate recorde mundial de velocidade

Com informações da BBC - 01/07/2013
Carro de corrida elétrico bate recorde mundial de velocidade
O carro elétrico Lola B12 69/EV atingiu uma velocidade de 328,6 km/h. [Imagem: Lola]
 
Recorde de velocidade de carro elétrico

O protótipo de carro de corrida elétrico fabricado pela Drayson Racing Technologies, um consórcio de 10 empresas do setor automobilístico, quebrou o recorde mundial de velocidade dessa categoria emergente.
O carro elétrico Lola B12 69/EV atingiu uma velocidade de 328,6 km/h.
O recorde anterior era de 281 km/h, estabelecido em 1974 pelo Battery Box, fabricado pela General Electric.
A empresa anunciou que irá inscrever o veículo recordista nas 24 Horas de Le Mans do próximo ano, afirmando que a competição vai funcionar como um "banco de testes desafiador" para tecnologias que poderão ser adotadas futuramente nos carros de rua - elétricos ou híbridos.

Fórmula E

A fim de se qualificar para a quebra do recorde mundial de velocidade perante a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) o carro de corrida elétrico precisava pesar menos de 1.000 kg, sem o motorista.
Para isso, os projetistas adaptaram um carro da série Le Mans que havia sido projetado originalmente para usar um motor a bio-etanol, substituindo esse propulsor por um conjunto de baterias capaz de fornecer 20 quilowatts-hora, gerando 850 cavalos de potência.
Foi necessário também adaptar o chassi do veículo, feito inteiramente de fibra de carbono reciclado.
A Drayson Racing afirmou que vai centrar sua atenção agora no lançamento do campeonato mundial de Fórmula E, uma espécie de Fórmula 1 dos carros elétricos, que deverá começar em setembro de 2014.
A primeira corrida de carros elétricos da Fórmula E será realizada em Londres. Roma, Miami, Pequim e Rio de Janeiro estão entre os outros sete locais.

Carro de corrida elétrico bate recorde mundial de velocidade
O Zeod RC, da Nissan, também participará das 24 Horas de Le Mans do próximo ano. [Imagem: Nissan]
 
Carros de corrida elétricos

A Drayson Racing não é a única fabricante que está apostando em carros de corrida elétricos para estimular a adoção da tecnologia.
A Spark, de Cingapura, e a McLaren, da Inglaterra, também estão construindo carros de corrida elétricos, bem mais parecidos com um Fórmula 1, para participar da primeira temporada da Fórmula E.
A própria Drayson anunciou que terá uma máquina para a competição em 2015, com alguns dos mesmos componentes utilizados no Lola B12 69/EV.
Na semana passada, a Nissan apresentou o seu Zeod RC (Zero Emission On Demand Car Racing), um híbrido que pode alternar entre energia elétrica e gasolina.
O Zeod RC "pode atingir velocidades acima de 300 km/h", segundo a empresa, e também participará das 24 Horas de Le Mans do próximo ano.