quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Silício multiplica por dez capacidade das baterias de lítio

Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/11/2010

Silício multiplica por dez a capacidade das baterias de lítio

Poros minúsculos na superfície do silício dão ao material espaço suficiente para que ele se expanda e contraia sem se tornar quebradiço. [Imagem: Biswal Lab/Rice University]

Carbono versus silício

As baterias de íons de lítio, usadas em celulares e notebooks, possuem um eletrodo negativo, ou anodo, feito de um material à base de carbono .

O carbono é necessário para acomodar os íons de lítio que se separam na reação que gera a corrente que sai da bateria. Esses íons depois voltam à bateria, durante o processo de recarregamento.

Ou seja, a capacidade de uma bateria de lítio é grandemente determinada pela capacidade do carbono em acomodar os íons.

Ocorre que o silício consegue acomodar 10 vezes mais íons de lítio do que o carbono. Então, por que não usar o silício e resolver de vez o grande gargalo para a disseminação dos carros elétricos?

A razão é simples: depois de uns poucos ciclos de carga e recarga, o silício se esfarela e a bateria vai para o beleléu.

Espaço para expansão

Agora, cientistas da Universidade Rice, nos Estados Unidos, em um projeto conjunto com a empresa Lockheed Martin, descobriram uma forma de aumentar a vida útil dos anodos de silício.

Outros cientistas vêm tentando usar nanofios de silício para aumentar a capacidade das baterias de lítio, mas Lisa Biswal e seus colegas adotaram uma estratégia diferente.

Eles descobriram que basta perfurar poros minúsculos, na faixa dos micrômetros, na superfície do silício, o que dá ao material espaço suficiente para que ele se expanda e contraia sem se tornar quebradiço.

Enquanto uma bateria comum de íons de lítio - onde "comum" deve ser entendido como as melhores baterias disponíveis hoje no mercado - comporta cerca de 300 miliamperes/hora por grama de anodo de carbono, os cientistas verificaram que um anodo feito com o silício tratado pode armazenar mais de 3.000 miliamperes/hora por grama.

Silício multiplica por dez a capacidade das baterias de lítio

"Nossas baterias atuais aguentam de 200 a 250 ciclos, muito mais do que as baterias de nanofios," diz Biswal. [Imagem: Biswal Lab/Rice University]

O grupo argumenta que a criação dos nanoporos é mais simples do que a fabricação dos nanofios.

Nanoporos

Os poros, com 1 micrômetro de diâmetro e entre 10 e 50 micrômetros de profundidade, são perfurados quando cargas positivas e negativas são aplicadas aos dois lados da pastilha de silício, que é então mergulhada em um solvente hidrofluórico.

"Os átomos de hidrogênio e flúor se separam," explica Biswal. "O flúor ataca um dos lados do silício, formando os poros. Eles se formam verticalmente por causa da diferença de potencial."

O resultado é uma pastilha parecida com um queijo suíço. E um queijo onde as dimensões dos buracos são realmente essenciais: se eles forem grandes demais, haverá menos silício para absorver os íons de lítio; e se eles forem pequenos demais, o material não terá espaço para se expandir e voltará a se tornar quebradiço.

Outra vantagem em relação às baterias de nanofios de silício é a vida útil: "Nossas baterias atuais aguentam de 200 a 250 ciclos, muito mais do que as baterias de nanofios," diz Biswal.

Ainda é menos do que os 1.000 ciclos considerados necessários para que uma bateria se torne comercialmente viável. Por outro lado, isso pode se mostrar relativo para uma bateria que consiga armazenar 10 vezes mais energia.

Fonte: Inovação Tecnológica

Ricardo M. Beskow

Telas flexíveis de papel prometem leitores eletrônicos descartáveis

Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/11/2010

Papel eletrônico de papel promete telas descartáveis

A nova tecnologia de geração de imagens promete tornar os leitores eletrônicos - os chamados e-Readers - tão baratos que poderão até mesmo ser descartáveis. [Imagem: University of Cincinnati Nanoelectronics Laboratory]

Uma nova tecnologia de geração de imagens para telas e monitores poderá permitir que os papéis eletrônicos e os leitores eletrônicos - os chamados e-Readers - tornem-se tão baratos que poderão até mesmo ser descartáveis.

Embora o setor de alta tecnologia ainda não esteja muito avançado quando o assunto é a reciclagem, equipamentos mais baratos têm um grande apelo e podem viabilizar novas aplicações.

Telas de papel e água

O grupo do Dr. Andrew Steckl, da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, começou a brilhar no mundo das telas e monitores em 2004, quando lançaram os primeiros pixels baseados em elementos de terras raras.

Agora, Steckl e seu colega Duk Young Kim descobriram que é possível usar papel comum como substrato flexível para um tipo de tela baseada em um princípio chamado eletroumectação.

A eletroumectação consiste na aplicação de um campo elétrico em minúsculas gotas de água coloridas, dispensando o uso de filtros e tornando a tecnologia potencialmente muito mais barata.

As telas de aparelhos como o iPad utilizam tecnologias muito mais complicadas e mais caras, cujos circuitos são montados em placas rígidas de vidro. Leitores como o Kindle, por sua vez, embora já utilizem eletrônica orgânica, que pode potencialmente chegar a ser flexível, ainda estão limitados aos tons de cinza.

Papel eletrônico

"Um dos principais objetivos do papel eletrônico é replicar a aparência e a sensação do papel impresso real," defendem os pesquisadores em um artigo que mereceu a capa da atual edição de uma das revistas científicas mais importantes da área.

Com tal purismo, os cientistas nem foram atrás de imitações, e resolveram usar o próprio papel como substrato.

"Com o papel certo, com o processo certo e com a técnica de fabricação adequada, você pode obter resultados que são tão bons quanto os que você obtém com o vidro, e nossos resultados são bons o suficientes para um leitor eletrônico capaz de mostrar vídeos," diz o Dr. Steckl.

Papel eletrônico de papel promete telas descartáveis

A eletroumectação consiste na aplicação de um campo elétrico em minúsculas gotas de água coloridas, dispensando o uso de filtros e tornando a tecnologia potencialmente muito mais barata. [Imagem: Kim/Steckl/ACS]

Segundo ele, uma tela baseada no seu papel eletrônico poderá ser totalmente enrolável, vai lembrar o papel em aparência e ao toque, e poderá ser usada para leitura, para navegação na internet ou para ver filmes, mesmo em condições externas, com o dia claro.

"Nós esperamos ter algo que realmente se parecerá com papel, mas se comportará como um monitor de computador em termos de sua capacidade de armazenar e mostrar informações. Nós poderemos ter algo que será muito barato, muito rápido, full-color e que, no final do dia ou da semana, você poderá jogar no lixo," prevê o pesquisador.

Leitores eletrônicos descartáveis

E por que alguém iria querer jogar seu Kindle ou seu iPad no lixo depois de apenas uma semana de uso, se ele pode ser usado para múltiplas leituras?

O Dr. Steckl defende seu ponto de vista: "Em geral, este é um método elegante para reduzir a complexidade do aparelho e o seu custo, resultando em equipamentos descartáveis."

Elegante ou não, reciclar o novo papel eletrônico do Dr. Steckl será realmente muito mais simples do que reciclar as telas atuais.

Só que reciclar papel comum é mais simples do que reciclar o novo papel eletrônico - mas provavelmente este não será assim tão barato a ponto de viabilizar jornais e revistas de papel eletrônico e a preocupação provavelmente se mostrará injustificada.

Steckl e Kim foi a mesma dupla que inventou o LiquiFET, o primeiro transístor de estado líquido, um marco no desenvolvimento dos biochips.

Bibliografia:
Electrowetting on Paper for Electronic Paper Display
Duk Young Kim, Andrew J. Steckl
Applied Materials & Interfaces
November 2010
Vol.: Article ASAP
DOI: 10.1021/am100757g

Fonte: Inovação Tecnológica

Ricardo M. Beskow

Chip do futuro é assado em forno de micro-ondas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/12/2010

Chip do futuro é assado em forno de micro-ondas

As nanopartículas se organizam sozinhas para formar os moldes, que depois são preenchidos com os materiais com que serão feitos os circuitos eletrônicos.[Imagem: Zhang et al./ACS Nano]

Automontagem

Graças a um prosaico forno de micro-ondas, um processo fundamental da nanotecnologia, chamado automontagem, poderá no futuro substituir o processo de litografia, com que são construídos os chips de hoje.

A automontagem acontece quando as próprias moléculas se organizam para formar estruturas maiores ou se organizam em padrões bem definidos.

É como se os ingredientes se juntassem sozinhos para formar o bolo de uma receita nanotecnológica.

Recentemente, pesquisadores do MIT demonstraram que a automontagem é capaz de formar todos os sete desenhos básicos considerados essenciais para a fabricação de circuitos eletrônicos - veja Automontagem molecular: vêm aí os chips que se constroem sozinhos.

Jillian Buriak e seus colegas da Universidade de Alberta, no Canadá, estavam trabalhando na mesma linha, quando alguém se cansou dos fracos resultados obtidos com o forno convectivo utilizado na pesquisa e resolveu enfiar tudo em um micro-ondas.

O resultado foi que as nanopartículas se organizaram em padrões regulares de forma extremamente rápida - reduzindo o tempo de processamento da receita nanotecnológica de dias para menos de um minuto.

Processador no micro-ondas

O tempo de processamento é muito importante para que o processo de automontagem possa ser adotado na indústria de semicondutores - da mesma forma que no mundo da culinária ninguém se interessaria por um bolo que demorasse dois dias para assar.

Chip do futuro é assado em forno de micro-ondas

As nanopartículas se organizaram em padrões regulares de forma extremamente rápida - reduzindo o tempo de processamento da receita nanotecnológica de dias para menos de um minuto. [Imagem: Zhang et al./ACS Nano]

A técnica, que utiliza copolímeros de bloco, primeiro força os nanomateriais a criarem os moldes e, a seguir, preenche os moldes com o material desejado. Isto produz componentes muito menores do que é possível com fotolitografia.

Mas o tempo necessário para que as moléculas se organizassem sozinhas para formar o molde era considerado longo demais pela indústria - especialistas da estipularam para os cientistas uma meta de 4 minutos para o processo, um tempo no qual o uso da técnica em escala industrial começa a ser factível.

Os cientistas canadenses superaram muito a meta, ficando abaixo de um minuto.

"Este é um dos primeiros exemplos do processo de automontagem sendo usado para resolver um problema do mundo real para a indústria de semicondutores," diz Buriak. "Nós já temos o processo. O próximo passo é usá-lo para construir componentes úteis."

Usos da automontagem

A pesquisa já havia rendido outros frutos quando, em 2009, um primórdio desse método permitiu a construção de células solares orgânicas mais eficientes.

Em seu caminho em busca de dominar o processo de fabricação de equipamentos nanoeletrônicos, a automontagem está mais avançada no campo dos discos rígidos, das memórias e das telas LCD.

Bibliografia:
Fast Assembly of Ordered Block Copolymer Nanostructures through Microwave Annealing
Xiaojiang Zhang, Kenneth D. Harris, Nathanael L. Y. Wu, Jeffrey N. Murphy, Jillian M. Buriak
ACS Nano
DOI: 10.1021/nn102387c
http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/nn102387c

Fonte: Inovação Tecnológica

Ricardo M. Beskow

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ícones, janelas, menus - Quando a informática vai evoluir?

Cordis - 17/07/2009

A interação homem-computador está passando por uma revolução, entrando em uma era multimodal que vai muito, muito além do atual paradigma, chamado WIMP - Windows-Ícones-Menus-Ponteiros. Agora, um grupo de pesquisadores europeus desenvolveu uma nova plataforma de desenvolvimento gratuita que poderá acelerar essa revolução.

Problema complexo

Nós temos a tecnologia. Então, por que nossas interfaces primárias homem-computador continuam baseadas no paradigma WIMP, que já tem 35 anos de idade?

Voz, gestos, toque, háptica, feedback de força e muitos outros sensores ou atuadores já estão disponíveis, prometendo simplificar e simultaneamente melhorar a interação dos humanos com os computadores. Mas nós continuamos travados a cento e poucas teclas, um mouse e dores nos pulsos.

Em parte, o passo lento do desenvolvimento de interfaces é apenas a história se repetindo. A história dos sistemas mecânicos que funcionavam mais rápido do que a escrita manual é uma saga de 150 anos e, eventualmente, levou ao desenvolvimento do teclado padrão QWERTY nos início dos anos 1870.

Em parte, o problema é de complexidade. As interfaces devem se adaptar à morfologia e à neurologia humanas e têm que tornar seu trabalho mais fácil do que era antes. Pode levar um bocado de tempo para descobrir como otimizar essas interfaces.

A revolução das interfaces

A revolução já começou, com os sistemas de toque e os sistemas baseados em gestos reinventando os telefones celulares e os videogames. Mas o ritmo do desenvolvimento e da chegada desses avanços ao mercado tem sido dolorosamente lento.

É isso o que querem mudar os pesquisadores do projeto OpenInterface (interface aberta) que iniciou seu trabalho a partir dos muitos dispositivos de interação atualmente disponíveis - telas de toque, sensores de movimento, reconhecimento de voz e muitos outros - e está trabalhando para criar um programa de desenvolvimento de código aberto capaz de dar suporte de forma rápida e fácil ao projeto e desenvolvimento de novas interfaces de usuário mesclando os diversos tipos de dispositivos de entrada de dados disponíveis.

"Esses dispositivos e modalidades de uso estão disponíveis há muito tempo, mas sempre que os desenvolvedores tentam empregá-los em novas aplicações ou simplificar seu uso, eles precisam reinventar a roda," diz Laurence Nigay, coordenador do projeto OpenInterface.

Sistema de desenvolvimento de interfaces multimodais

A nova plataforma OpenInterface pretende acabar com isso. A plataforma consiste em um kernel, que é uma ferramenta gráfica para a montagem de componentes e um repositório de componentes de software.

O sistema OpenInterface permite que os desenvolvedores explorem diferentes possibilidades de interação. Um desenvolvimento mais rápido significa mais iterações de uma nova interface para se obter uma interface multimodal que seja utilizável.

No estágio atual, o sistema inclui vários dispositivos e modalidades de interação, incluindo o Shake, um dispositivo de sensoriamento de movimento, o Wii remoto (Wiimote), o iPhone, dispositivo de captura Interface-Z, vários programas de reconhecimento de voz, acompanhamento do movimento dos dedos por câmeras e vários conjuntos de ferramentas, incluindo ARToolKit e Phidgets.

Os pesquisadores já construíram diversos tipos de aplicativos que demonstram a capacidade do novo sistema, mesclando os diversos recursos à sua disposição. Um deles usa um Wiimote para operar a visualização de slides. Outro desenvolveu controles para um videogame usando o sensor de rotação do iPhone em conjunto com o sensor de movimento do Wiimote.

Os usuários podem escolher qualquer dispositivo de interação que queiram.

Aplicações multimodais para PC e celular

"Todas essas aplicações foram desenvolvidas simplesmente para demonstrar a capacidade do sistema OpenInterface para desenvolver rapidamente e prototipar novas interfaces multimodais em um PC e em telefones celulares combinando diversos dispositivos de controle," explica Nigay.

As aplicações multimodais podem ser desenvolvidas tanto para PC quanto para telefones celulares. O sistema é de código aberto - o que significa que é gratuito - e suporta várias linguagens de programação.

O OpenInterface pode ser baixado do site www.oi-project.org. Veja na seção Showcase do site mais filmes demonstrando as possibilidades de uso da nova ferramenta.

Fonte: Inovação Tecnológica

Ricardo M. Beskow

IBM anuncia processadores com comunicação por luz

Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2010

IBM anuncia processadores com comunicação por luz

A nova tecnologia CMOS Integrated Silicon Nanophotonics integra componentes elétricos e ópticos na mesma pastilha de silício, permitindo processadores de computador que se comunicam usando pulsos de luz em vez de sinais elétricos. [Imagem: IBM]

A IBM anunciou o desenvolvimento de uma nova tecnologia para a construção de processadores que integra componentes elétricos e ópticos na mesma pastilha de silício.

A tecnologia permite que os chips de computador comuniquem-se usando pulsos de luz em vez de sinais elétricos.

Processamento cerebral

Os novos processadores permitirão que se alcance a faixa dos exaflops - 1018 (1 milhão de trilhões) cálculos de ponto flutuante por segundo - uma velocidade mil vezes maior do que a alcançada pelos supercomputadores mais poderosos da atualidade, que acabam de superar a faixa dos petaflops.

Segundo os pesquisadores da empresa, supercomputadores na faixa dos exaflops terão a mesma capacidade de "processamento" que o cérebro humano.

Fora do âmbito especulativo, o fato é que os novos processadores nanofotônicos poderão ser construídos em pastilhas de silício 10 vezes menores do que os atuais e consumirão muito menos energia ao trocar a eletricidade pela luz, permitindo que eles funcionem em clocks mais elevados.

A nova tecnologia é chamada CMOS Integrated Silicon Nanophotonics, o que significa que os chips que se comunicam por luz poderão ser fabricados usando os processos industriais atuais (CMOS) - os transistores de silício e os componentes nanofotônicos ficam na mesma pastilha.

"Nossa nanofotônica integrada CMOS promete um aumento sem precedentes na funcionalidade e no desempenho dos chips por meio de comunicações ópticas de baixa potência entre bastidores, módulos, processadores ou mesmo dentro de um único chip," disse o Dr. Yurii Vlasov, responsável pelo desenvolvimento, juntamente com seus colegas William Green e Solomon Assefa.

"O próximo passo nesse avanço é o desenvolvimento da manufatura deste processo em uma fábrica comercial, usando os processos CMOS," disse ele.

Integração de alta densidade

A densidade de integração alcançada nos chips fotônicos é muito superior a qualquer outro já anunciado em tecnologias similares - um canal transceptor, com todos os circuitos elétricos e ópticos, ocupa 0,5 milímetro quadrado (mm2).

Segundo os pesquisadores, isso permitirá construir chips de 4 x 4 mm2, que poderão receber e transmitir dados na faixa dos terabits por segundo.

O anúncio agora feito é o coroamento de uma série de realizações da empresa no campo da fotônica ao longo dos últimos anos:

Fonte: Inovação Tecnológica

Ricardo M. Beskow