sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Relógio sem ponteiros mostra as horas pela temperatura

Por Nilton Kleina, 25 de Agosto de 2011

Regiões do aparelho ficam quentes ou frias para indicar o horário.

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O tato é o único sentido necessário nesse conceito. (Fonte da imagem: Yanko Design / Jung Hoon Lee)

Acompanhar as horas pelo movimento dos ponteiros de um relógio é coisa do passado. Ao menos é o que sugere esse conceito, desenvolvido pelo designer coreano Jung Hoon Lee.

Batizado de Rub Feel Know, o relógio mostra as horas através da mudança de temperatura em determinados pontos do aparelho. A parte central indica as horas e, além de ficar com uma temperatura de 37 °C na região, é representada por um pequeno orifício para facilitar a localização.

Já o contorno do relógio, que mantém uma temperatura de 12 °C, indica os minutos e é representado por um pequeno relevo. Com essas funções, o público-alvo não seria composto apenas pelos apressadinhos que não têm paciência para olhar para o relógio, mas também por pessoas cegas.

As regiões ficam quentes ou frias para indicar as horas (Fonte da imagem: Yanko Design / Jung Hoon Lee)

Apesar de parecer difícil acertar precisamente o horário através do Rub Feel Know, Lee afirma que o método acompanha a passagem de tempo com exatidão, mesmo sem contar com um indicador de segundos.

Fonte: Tecmundo

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Especialista alerta para "ameaça dos algoritmos"

BBC - 23/08/2011

Serviços inteligentes

Um especialista em algoritmos alertou para as consequências da influência cada vez maior dos sistemas de códigos operacionais em diversos aspectos da vida das pessoas.

Em uma palestra durante a conferência TED no mês de julho, na Escócia, o americano Kevin Slavin disse que "a matemática que os computadores usam para decidir as coisas" está se infiltrando em diferentes áreas as nossas vidas.

Slavin disse que os "serviços inteligentes" oferecidos por lojas de internet - que calculam livros e filmes nos quais o cliente pode estar interessado -, por sites como o Facebook e pelos mecanismos de busca como o Google comprovam que operações computacionais complexas e invisíveis controlam cada vez mais a relação das pessoas com o mundo eletrônico.

Como exemplos, ele citou um "robô-faxineiro" que mapeia a melhor maneira de realizar os afazeres domésticos e os algoritmos que estão gradualmente controlando os negócios em Wall Street e o mercado financeiro.

"Estamos escrevendo coisas que não podemos mais ler", alertou o especialista. "Nós criamos algo ilegível e perdemos a noção do que realmente está acontecendo no mundo que criamos", disse ele.

Livro milionário

De acordo com Slavin, o caso recente de erro nos algoritmos usados pela livraria online Amazon é um dos principais exemplos do caos que pode ser instalado quando um código se torna inteligente o suficiente para operar sem a intervenção humana.

No início do ano, o algoritmo que regula os preços da loja de livros pareceu entrar em guerra consigo mesmo.

Os valores dos produtos começaram a aumentar em competição uns com os outros e um dos livros, The Making of a Fly (A construção de uma mosca, em tradução livre) - um livro sobre a biologia molecular de uma mosca - chegou a custar US$ 23,6 milhões (R$ 37,7 milhões).

Slavin afirma que, na medida que os códigos matemáticos se tornam mais sofisticados, eles se infiltram até mesmo em nossas preferências e decidem que produtos culturais estarão disponíveis para nós.

Decidindo as vidas virtuais

A empresa britânica Epagogix está levando este conceito a sua conclusão lógica e usando algoritmos para prever o que faz com que um filme seja um sucesso de bilheteria.

O sistema usa uma série de medidas - o roteiro, a trama, os atores, as locações - e os cruza com as bilheterias de outros filmes similares para prever quanto dinheiro o novo produto irá ganhar.

De acordo com o diretor-executivo da empresa, Nick Meaney, o código "ajudou estúdios a tomarem decisões sobre fazer ou não fazer um filme".

No caso de um dos projetos - para o qual foi estipulado um custo de produção de 180 milhões de libras (R$ 473 bilhões) - o algoritmo estimou que o filme ganharia somente cerca de 30 milhões de libras nas bilheterias, o que significava que não valia a pena fazê-lo.

No entanto, Meaney diz que o papel dos algoritmos na indústria cinematográfica não é tão grande.

"Filmes são feitos por diversas razões e dizer que nós ditamos que filmes são feitos nos dá mais influência do que temos", disse.

Negócios automáticos

De acordo com Kevin Slavin, até 70% das transações de Wall Street hoje são conduzidas por algoritmos, no que é chamado de "caixa-preta" ou "algo-negócio".

Isso significa que, além de negociantes especializados, banqueiros e corretores agora empregam também milhares de matemáticos e físicos.

Mas Slavin diz que, mesmo com o auxílio de técnicos e especialistas, um algoritmo fora de controle foi o responsável pela chamada "quebra-relâmpago" do dia 6 de maio de 2010, em que uma queda de cinco minutos nas bolsas de valores causou um caos momentâneo.

Um negociador que agiu de má-fé foi considerado o culpado pela queda de 10% no índice Dow Jones mas, na realidade, a culpa era do programa de computador que ele estava usando.

O algoritmo vendeu 75 mil ações com um valor de 2,6 bilhões de libras em somente 20 minutos, fazendo com que outros sistemas de negociação rápida fizessem o mesmo.

A partir deste episódio, os reguladores foram forçados a introduzir mecanismos que interrompem as negociações se as máquinas começarem a se comportar de modo incorreto.

Para Slavin, na medida que os algoritmos expandem sua influência para além das máquinas, é chegada a hora de saber exatamente o que eles sabem e se ainda há tempo de domá-los.

Fonte: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Caçada virtual por nova tecnologia solar dá primeiros resultados

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/08/2011

Cientistas cidadãos ajudam a descobrir melhores células solares

Uma das molécu

las sintetizadas é um dos melhores semicondutores orgânicos já descobertos em termos de sua capacidade de condução de cargas elétricas.[Imagem: Sokolov et al./Nature]

Células solares orgânicas

As células solares orgânicas podem revolucionar a geração de energia mundial, eventualmente passando de um mundo de gigantescas usinas para uma geração descentralizada.

Na medida que cada casa gere parte de sua energia, aproximando-se da auto-suficiência energética, os governos poderão passar a construir apenas usinas menores, regionais e até locais.

As células solares orgânicas são baratas, flexíveis e podem ser aplicadas em qualquer superfície, incluindo paredes, plásticos e até roupas. Elas podem até mesmo ser impressas por jato-de-tinta.

Mas ainda há desafios: elas não são tão eficientes quanto as células solares de silício, têm problemas de durabilidade e, algumas, usam compostos que todos gostaríamos de ver longe do meio-ambiente.

Se há desafios, contudo, há também agora uma luz bem clara iluminando o túnel.

Simulação molecular

Células solares orgânicas são feitas com moléculas orgânicas, ou seja, moléculas que têm carbono em sua estrutura.

Como os cientistas sabem muito sobre a química do carbono, tudo o que eles têm a fazer é descobrir moléculas que convertam fótons em elétrons de forma mais eficiente.

O desafio é que as combinações de elementos para formar essas moléculas são virtualmente infinitas. Então, é necessário uma forma de "montar" essas moléculas de forma virtual, simulando-as em computador, e analisando quais são mais promissoras para conversão fotovoltaica.

Esta foi justamente a ideia do químico Alán Aspuru-Guzik, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Ele construiu modelos computadorizados capazes de analisar moléculas orgânicas e identificar aquelas que se mostram mais promissoras como semicondutores.

Cientistas cidadãos

A equipe usou seus simuladores moleculares para analisar 2,3 milhões de moléculas candidatas a células solares. Os planos são de atingir 3,5 milhões de moléculas até 2012.

Os cálculos foram feitos com a ajuda de cientistas-cidadãos, que cedem o tempo ocioso de seus computadores para a rede World Community Grid, gerida pela IBM.

O conceito de cientista-cidadão, na forma de um pequeno programa que roda no tempo ocioso dos computadores pessoais, foi criado pelos idealizadores do Projeto SETI. Embora seu objetivo seja a busca por inteligências extraterrestres, o maior fruto de seu trabalho até agora foi demonstrar que, com a cooperação, podem surgir "inteligências novas" aqui na Terra mesmo.

Os primeiros resultados foram passados para uma equipe da Universidade de Stanford, que sintetizou algumas delas e demonstrou que os modelos estão funcionando bem: as moléculas são realmente semicondutoras e promissoras para serem usadas como células solares.

Na verdade, o primeiro estudo publicado a respeito revela que uma das moléculas sintetizadas é um dos melhores semicondutores orgânicos já descobertos em termos de sua capacidade de condução de cargas elétricas.

Realimentação do processo

O resultado publicado agora foi apenas um piloto, e a expectativa é que haja frutos melhores escondidos no meio da árvore.

Na verdade, o trabalho inicial com as 2,3 milhões de moléculas já resultou na seleção de 1.000 moléculas promissoras, que ainda precisarão ser sintetizadas.

Foram selecionadas moléculas com possibilidades de alcançarem uma eficiência na conversão de energia solar em energia elétrica de 10% ou mais - atualmente, as melhores células solares orgânicas têm uma eficiência de 9%.

Os cientistas planejam publicar as estruturas dessas moléculas teóricas, com suas características e propriedades principais, para ajudar os químicos experimentais a sintetizar cada uma delas. Ou, pelo menos, as mais viáveis.

Isso realimentará o processo, uma vez que os químicos no laboratório darão informações que permitirão que os químicos teóricos aprimorem seus modelos computadorizados, gerando novas seleções de moléculas ainda mais promissoras.

Projeto Energia Limpa

Em um esforço que poderá ganhar dimensões mundiais, o projeto do Dr. Aspuru-Guzik, chamado Projeto Energia Limpa, poderá finalmente produzir uma geração de células solares orgânicas de eficiência elevada.

Isso poderá representar, finalmente, um salto na tecnologia fotovoltaica, que vem andando a passos bem miúdos na última década.

Em 2010, o Dr. Aspuru-Guzik usou um computador quântico experimental para calcular a energia exata de uma molécula de hidrogênio.

Bibliografia:
From computational discovery to experimental characterization of a high hole mobility organic crystal
Anatoliy N. Sokolov, Sule Atahan-Evrenk, Rajib Mondal, Hylke B. Akkerman, Roel S. Sánchez-Carrera, Sergio Granados-Focil, Joshua Schrier, Stefan C.B. Mannsfeld, Arjan P. Zoombelt, Zhenan Bao, Alán Aspuru-Guzik
Nature Communications
16 August 2011
Vol.: Volume: 2, Article number: 437
DOI: 10.1038/ncomms1451

Fonte: Inovação Tecnológica